A China anunciou formalmente nesta terça-feira (9) que vai assinar o acordo sobre clima de Copenhague, tornando-se o último país do grupo de grandes emergentes a endossar um plano “apoiado” pelos Estados Unidos – apesar de o Senado do país ainda não ter aprovado lei a respeito.
Uma carta oficial do secretariado da ONU sobre mudança climática informou que “vai incluir a China na lista” dos países que apoiam o acordo fechado na reunião na Dinamarca em dezembro. A China é o maior emissor mundial de gases do efeito estufa.
Também nesta terça, a Índia divulgou que aceitou se associar ao acordo climático definido em dezembro. O anúncio foi feito pelo ministro do Meio Ambiente do país em nota ao Parlamento.
“Após cuidadosa consideração, a Índia aceitou tal listagem”, afirmou Jairam Ramesh ao Parlamento, referindo-se à participação formal no documento, que não tem cumprimento obrigatório, mas já recebeu a adesão de mais de cem países, alguns deles grandes emissores de gases do efeito estufa.
“Acreditamos que nossa decisão de sermos listados (como um país associado ao documento) reflete o papel que a Índia desempenhou em dar forma ao Acordo de Copenhague. Isso irá fortalecer nossa posição de negociação a respeito da mudança climática.”
Na segunda-feira, porém, a comissária do Ambiente da UE (União Europeia), Connie Hedegaard, disse em entrevista ao jornal “Financial Times” que o mundo quase certamente falhará em fechar o acordo contra o aquecimento global neste ano. Hedegaard foi a anfitriã da fracassada cúpula do clima de Copenhague.
Copenhague – O tratado deveria ter sido adotado formalmente na conferência da ONU em Copenhague por todos os países, mas objeções de última hora por parte de um pequeno grupo de países fez com que oficialmente o acordo fosse apenas citado na declaração final. Decidiu-se então que os países que desejassem se comprometer com o documento poderiam fazê-lo posteriormente.
Mas os países do bloco Basic, especialmente China, Índia e Brasil, temiam que uma adesão muito decidida ao acordo esvaziasse o Protocolo de Kyoto, hoje em vigor, que determina que cabe aos países ricos a liderança no combate ao aquecimento global.
Esses emergentes deixaram claro também que o acordo não deve servir de base para um novo tratado climático de cumprimento obrigatório, que continua sendo negociado e pode ser definido numa conferência no final do ano no México.
Os países mais pobres desejam negociações em “dois caminhos” – um deles preparando um tratado que substitua o Protocolo de Kyoto a partir de 2013, e outro buscando ações de mais longo prazo para que todas as nações combatam o aquecimento, inclusive os EUA, que nunca ratificaram o Protocolo de Kyoto.
Em mensagem à ONU no final de fevereiro, Washington manifestou apoio ao acordo e disse que os textos de negociação criados nas discussões sobre a ação de longo prazo poderiam conduzir a um novo tratado.
O progresso da negociação travou, parcialmente porque o Senado norte-americano ainda não decidiu se vai cortar as emissões de gases-estufa do país. O presidente Barack Obama quer um corte de 17% dos níveis de 2005 até 2020, ou 4% comparado a 1990.
Fonte: Folha Online